FUMO CATARINENSE

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Novo polo se consolida

Como a migração de empresas gaúchas de beneficiamento para o Sul do Estado colocou Araranguá no mapa do setor

Iniciada em 2008, a migração de indústrias de beneficiamento de folha de fumo do Rio Grande do Sul, maior polo do setor do país, para Santa Catarina ganhou um novo marco ontem. A Alliance One, umas das principais fornecedoras globais de fumo processado, inaugurou, em Araranguá, no Sul do Estado, uma fábrica de R$ 100 milhões, maior investimento privado já recebido pela cidade de 63 mil habitantes.

Com 90 mil metros quadrados, a segunda unidade de compra e processamento da empresa no país – a outra fica em Venâncio Aires (RS) – terá 1,5 mil funcionários e capacidade para transformar 70 mil toneladas de fumo. A expectativa de faturamento é de R$ 200 milhões anuais quando em pleno funcionamento.

A fábrica da Alliance One é a maior do município e, possivelmente, a maior da região, explicou Guido Ripplinger, coordenador-técnico da filial de Araranguá da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Ela ultrapassou a unidade da Continental Tobaccos Allicance (CTA), que começou a processar fumo no ano passado. Além destas duas, a Philip Morris tem um posto de compra na cidade.

Para Ripplinger, esta migração das grandes empresas de beneficiamento gaúchas, atraídas por vantagens fiscais, só tende a aumentar. Se ele estiver certo, Araranguá deve se transformar, no médio prazo, na nova capital nacional do fumo no lugar da gaúcha Santa Cruz do Sul, que historicamente ocupa o posto.

Araranguá está no centro de uma das três regiões de cultivo de fumo do Estado – as outras são o Planalto Norte e o Vale do Itajaí -, que respondem por 32% da produção nacional. Um estudo do coordenador do movimento econômico da Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense (Amesc), Moacir Rovaris, revela que a cadeia produtiva do fumo em Araranguá representa R$ 73,7 milhões (19,24%) em uma economia municipal que movimenta anualmente R$ 383 milhões.

– A tendência, com a nova fábrica da Alliance, é de este número incrementar muito mais. Sem contar o impacto indireto, com a abertura de empresas que vão fornecer peças e trabalhar com o transporte. As metalúrgicas, em especial, estão interessadas em começar a atuar na cidade – explicou Rovaris.

Uma novidade é o surgimento de vagas na indústria em um setor até então agrícola. A Alliance One importou profissionais gaúchos de nível técnico, mas destinou 90% das 1,5 mil vagas para trabalhadores do Sul catarinense, 500 delas não preenchidas ainda pela dificuldade de encontrar mão de obra.

A escolha de Araranguá levou em conta a localização estratégica da cidade, às margens do novo traçado da BR-101 Sul, e próxima dos produtores. O governo do Estado, via Prodec, deu incentivos fiscais de R$ 2,650 milhões. Mas o que fez a diferença foi a busca por competitividade no mercado internacional.

Ao transportar o fumo catarinense para processá-lo no Estado vizinho, as indústrias pagam 12% de ICMS. Se beneficiarem as folhas aqui e embarcá-las pelos portos catarinenses, a alíquota é zero, já que as exportações são desoneradas. É uma equação de ganha-ganha. SC fica com empregos e renda, as empresas têm custo menor de produção.

– A empresa recebeu isenções de ICMS de todo material que comprar em SC (de embalagem a tabaco de empresas menores). Ainda podermos exportar do próprio Estado é excelente. Mesmo havendo acúmulo de créditos de ICMS, será mais fácil de reaver – disse Rolf Waechter, diretor financeiro regional da Alliance para a América do Sul.

FONTE: SEFAZ SC

ANA PAULA CARDOSO E ALESSANDRA OGEDA | Araranguá

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